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Mostrando postagens de 2021

"Nas primeiras horas da manhã"

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  Em junho de 2007 eu não estava em uma boa época. Foi quando os sinais da depressão e da síndrome do pânico não puderam mais ser ignorados. E foi também quando escrevi um conto do qual tenho bastante carinho.  Eu sempre gostei de escrever. Quando criança, passava horas criando histórias e personagens. Durante as aulas não fazia outra coisa. Mas não tinha problema, eu continuava tirando boas notas, mesmo perdida em todos os tipos de mundos literários. Eu também lia o tempo todo. Estava sempre com um livro na mão, mesmo ao caminhar na rua. Já quase bati em poste ou em lata de lixo, apesar de normalmente conseguir prestar atenção por onde ía.  Iniciei diversos contos, livros e outras coisas. Mas nunca dei seguimento a nada. Não conseguia. A empolgação que tinha ao iniciar o trabalho desaparecia depois de um tempo e eu começava a achar tudo que havia escrito uma verdadeira droga. O amor que tinha pela minha criação se transformava em decepção. E eu passava a duvidar da minha capacidade.

Cirurgia adiada. Mais uma vez.

Nada acontece por acaso. A última semana esse foi meu mantra e eu o repeti praticamente todos os dias. Sem cansaço. Uma forma de continuar a seguir e tentar me recuperar da perda e da partida da minha avó.  Eu estava focada na minha cirurgia para o tratamento do meu aneurisma cerebral, que seria hoje, dia 15 de março. Passei a semana mal, triste, sem rumo, chorando . E pensar que passaria pela craniotomia neste momento me assustava um pouco. Mas também me parecia um escape. Eu já aguardava por essa data há um tempo. Recebi o diagnóstico do aneurisma em agosto , fiz em novembro o exame de imagem que determinou qual o método adequado de cirurgia ( e a torcida era para que a cirurgia fosse realizada no mesmo dia, mas não foi possível). E então passei a esperar por fevereiro, que era quando eles haviam previsto que o procedimento real aconteceria. Iria para o hospital na segunda bem cedinho. Passaria pela cirurgia e após o procedimento ficaria na UTI até o dia seguinte. Depois seria e

Nascida em 10 de novembro de 1931

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  Não era esse post que estava planejado para ser publicado hoje. Não era esse post que eu gostaria que marcasse a minha continuação ao blog pós contagem regressiva. Mas hoje ele se fez necessário. Minha avó Cecília era para mim uma grande inspiração. Era mais que avó, era amiga, conselheira, confidente. E faz um ano e meio desde a última vez que eu a vi, prometendo que voltaria no ano seguinte. Para que ela (e todos) conhecesse a bisneta. Mas o ano seguinte foi 2020, o ano inicial da pandemia, e nenhuma viagem nos foi possível. Mas "era só um ano", perante aos muitos que teríamos pela frente. Era só um ano de um grande sacrifício que nos manteria saudáveis e nos possibilitaria muitos abraços no futuro.  Ela não faleceu de COVID-19. Ela faleceu de um mal súbito que a acometeu certeira e rapidamente no dia de ontem, 6 de março de 2021. E como falou uma de minhas primas, foi como um sopro. E ela se foi.   Este post é sobre estar longe. Sobre morar no exterior e não poder est

12 meses!!!

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                                                  12 de fevereiro de 2021! Cecília faz 1 ano de vida! Quer dizer, já entramos em março e eu estou só agora com tempo e cabeça para dedicar às lembranças do último mês antes do aniversário de um ano da Cecília! Após 12 de janeiro, o tempo passou voando e eu toda ansiosa e animada com a celebração.  Já sabia que seria algo bem pequenino, para a família, mas não tinha ainda começado a pensar no que faria para celebrar. Na metade de janeiro, comecei a receber perguntas como "Você já escolheu o tema?" "Qual tema você vai fazer?". Inicialmente fiquei confusa, de que tema estariam falando? Mas é claro que era o tema da festa. Eu não tinha me preocupado com isso , pensava em ir à lojinha de decorações de festa e papelaria que há aqui perto de casa e decidir lá mesmo.  Mas após ouvir tanto das pessoas, comecei a olhar online o mundo de decorações de festa de bebê! Uau! Que mundo! Todas as idéias mais fofas, incríveis e fascina

Contagem regressiva - O décimo primeiro mês!

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 O décimo primeiro mês - Natal e Ano novo O décimo primeiro mês iniciou com o retorno da vovó Bebel ao Brasil. Como o último mês havia sido tão diferente, a rotina da Cecília estava uma confusão. Voltamos com a rotina anterior e ela não gostou nenhum pouco da mudança. As noites voltaram a ficar difíceis e longas, mas eu estava numa animação só para o Natal.  Nem precisa de crianca em casa para eu (e o Kimmo) ficarmos animados. O clima natalino, as músicas que colocamos todas as noites de dezembro para nos prepararmos, as idas e vindas de lojas para escolhermos presentes, o glögi com donut (munkki) na feirinha de natal de Tampere... tudo incrível. Mas claro que em ano de pandemia tudo foi diferente. As compras foram quase todas feitas online. O glögi e o munkki foram em casa. Passeamos rapidinho na feirinha, de máscaras e em horários vazios, mas não conseguimos aproveitar muito e fomos embora. Deu para comprar uns presentinhos.  Sei que ela ainda não entende o que é essa época de Natal

Contagem regressiva - O décimo mês

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  O décimo mês - A visita da vovó Poucos dias após Cecília ter completado seus 9 meses, sua vovó chegou do Brasil. Foi uma aventura conseguir a autorização (ou o mais próximo disso ) para que ela viesse. Como existia a possibilidade de eu ficar uma semana no hospital caso passasse pela cirurgia para tratar o aneurisma  e depois disso não poderia pegar peso por mais ou menos um mês, conversamos com a minha mãe para que ela talvez viesse nos ajudar neste momento.  A viagem dela estava programada para acontecer em meados de abril de 2020 . Mas devido ao coronavirus, ela foi remarcar para setembro e então cancelada, sem previsão para acontecer. Minha situação de saúde, por mais que assustadora, acabou tornando possível a sua visita. Uma amiga nossa havia conseguido que sua mãe viesse à Finlândia para ajudá-la com os filhos em decorrência de situações pessoais. Ela nos passou os documentos de que precisou e como fez. E então corremos atrás. Entrei em contato com o consulado finlandês em S

Contagem regressiva - O nono mês

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 O nono mês - A primeira noite separadas O nono mês foi marcado novamente por médicos e pela minha saúde. Umas semanas antes de que ela completasse 9 meses, recebi a carta informando que meu novo exame de imagem para determinar qual a melhor operação para tratar o aneurisma. A data era 12 de novembro. Justamente o dia em que a Cecília completaria 9 meses. E eu não poderia estar com ela ou fazer a foto de flores.  Eu havia falado com o neurocirurgião um mês antes, quando ele me fez a proposta de que se a melhor operação fo sse uma realizada através de um catéter inserido na coxa, próximo à virilha (da mesma forma que o exame de imagem é feito), eles prosseguiriam do exame direto para a operação, visto que a última vez que eu tinha feito um exame de imagem com contraste eu havia tido uma pequena reação alérgica. Depois de refletir um pouco, discutir com ele as opções e conversar com familiares, decidi que esta seria a melhor forma realmente. E passei a torcer para que o exame constatasse

Contagem regressiva - O oitavo mês

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 O oitavo mês - Independência O maior marco deste mês deu-se poucos dias após a entrada no oitavo mês de vida da Cecília (logo após completar 7 meses). Após uns probleminhas para escolher e montar a cama da Cecília, seu quarto ficou pronto (quase pronto, na verdade). Mas o principal, a caminha estava lá! À espera do bebê.  Além da caixa Maternidade , que serviu como um bercinho logo no início, a Cecília nunca teve berço. Ela dormia conosco na cama, em um "ninho redutor" que havíamos ganhado. De início entre a parede e eu, e mais tarde em nosso meio. Lá pelo seu sexto e sétimo meses de vida, ela passou a se mexer demais, a querer mamar o tempo todo, a se arrastar pra cima da gente. Quase tudo isso dormindo!  Nem eu nem meu marido conseguíamos dormir. Ficávamos super preocupados que ela nos escalasse e não percebêssemos. Que caísse da cama. Eu ficava sempre de olho nela, minhas noites começaram a ser ainda mais picadas que antes e ela pedia para mamar o tempo todo. Também um d