Contagem regressiva - O oitavo mês

 O oitavo mês - Independência

O maior marco deste mês deu-se poucos dias após a entrada no oitavo mês de vida da Cecília (logo após completar 7 meses). Após uns probleminhas para escolher e montar a cama da Cecília, seu quarto ficou pronto (quase pronto, na verdade). Mas o principal, a caminha estava lá! À espera do bebê. 

Além da caixa Maternidade, que serviu como um bercinho logo no início, a Cecília nunca teve berço. Ela dormia conosco na cama, em um "ninho redutor" que havíamos ganhado. De início entre a parede e eu, e mais tarde em nosso meio. Lá pelo seu sexto e sétimo meses de vida, ela passou a se mexer demais, a querer mamar o tempo todo, a se arrastar pra cima da gente. Quase tudo isso dormindo! 

Nem eu nem meu marido conseguíamos dormir. Ficávamos super preocupados que ela nos escalasse e não percebêssemos. Que caísse da cama. Eu ficava sempre de olho nela, minhas noites começaram a ser ainda mais picadas que antes e ela pedia para mamar o tempo todo. Também um de nós dois precisava ficar o tempo todo instalado na cama a partir do momento em que a colocávamos para dormir. Fosse isso às 19h ou às 22h! Um de nós estava sempre preso lá para garantir a seguranca da pequeninas. 

Eu lia muito sobre "método montessori" e sua adaptação para o lar. Muito se falava de uma "cama montessori", que seria um colchão baixo colocado diretamente no chão, em substituição ao berço. Cama montessori não é algo que exista de verdade, não há nenhuma afirmação ou estudo realizado por Maria Montessori sobre uma área para dormir. Mas muitos dos blogs que li apontavam a "cama no chão" (independente do método) como uma adaptação que poderia ser interessante para algumas famílias. E foi para a gente! Uma cama no chão deu à Cecília mais independência e controle sobre seu espaço. Ela podia ir e sair da cama tranquilamente ou engatinhar para algum brinquedo interessante ao acordar. 


Colocamos rente à cama um tapete fofo para caso ela rolasse para fora no meio da noite. Instalamos o monitor e tornamos o quarto um local seguro para caso ela realmente resolvesse passear por ele. Nada de tomadas soltas ou brinquedos perigosos, pesados, etc. Agora era o momento da verdade! Colocá-la para dormir sozinha em seu quarto. Preparamos tudo. Fizemos a rotina do soninho, com o jantar, o banhinho de banheira, escovar o dentinho, ler um livrinho e deitei com ela na cama para amamentar e deixá-la já em posição de dormir. Eu estava nervosa. Kimmo e eu já sabíamos que as primeiras noites sozinha na cama seriam difíceis. Que ela choraria, que demoraria a aceitar a nossa ausência, que nós não dormiríamos bem. 

Eu não podia estar mais errada. Ela pegou no sono no seio, consegui sair de fininho e lá ela ficou. Sozinha. Ficamos eu e Kimmo sentados no chão da sala por um tempo, sem saber exatamente o que fazer. Após 7 meses e pouco de noites totalmente voltadas para o bebê (fosse para fazê-la dormir ou para garantir que ela não caísse da cama). Ele pegou o violão e tocou para nós alguns chorinhos brasileiros. Voltei ao meu hobby de escrever cartas para minhas penpals enquanto jogava the sims. Ela acordou uma vez à noite, entre 1h30 e 2h da madrugada, mas dormiu bem e profundamente. Eu não dormi tão bem assim (essa parte da previsão estava certa!),  continuava preocupada, olhando o monitor, checando se estava mesmo tudo bem. Parece que estar sozinha a ajudou. Ela passou a dormir melhor. Acordar no geral apenas uma vez por noite, dormir mais tempo também. 

Sei que este é outro ponto em que somos sortudos. De ter sido uma transição tranquila para todos; bebê, mamãe e papai. Nossas noites ainda são desta forma. Sobre o sono dela e as dificuldades reais para dormir eu falo mais pra frente. 

O primeiro outono da Cecília iniciou e ela sempre apaixonada pelas folhas nas árvores. Não consigo imaginar o que ela deveria estar pensando de ver as folhas mudarem de ver para amarelas e enäo caírem das árvores por completo. As vezes quando ela chorava no carrinho no meio de um passeio, o Kimmo olhava pra ela e dizia "As folhas voltam. Depois do inverno vão nascer mais folhinhas verdes."

Tivemos mais uma reuniãozinha do baby club e as meninas interagiram melhor pela primeira vez. Foram juntas no balanço, olharam curiosas umas para as outras e dançaram um pouquinho ao som da Galinha Pintadinha. Foi incrível vê-la descobrir outros bebês, tentar interagir e tocar. 

Devido ao coronavirus, todas as atividades que enquanto grávida eu sonhava em fazer com a bebê e com outras mães foram canceladas. Natação para bebês, música, sinais, etc e etc. Tudo cancelado ou com vagas bem limitadas. E eu fiquei de fora das atividades que queria. E outras eu nem tentei conseguir por medo mesmo do COVID-19. Então nosso Baby Club, com atividades ao ar livre foi a salvação da época. Poder interagir com outros adultos e proporcionar à Cecília uns momentos diferentes fez toda a diferença no meu emocional. 

Aproveitamos o sucesso do último mês, quando deixamos a Cecília com os avós e curtimos tempo juntos, e fizemos isso mais algumas outras vezes. Fomos de bicicleta celebrar o Mabon (o equinócio de outono, uma celebração pagã) em um local aqui perto. Foram 9 km na ida e 9km na volta de bike. Um ventinho gostoso, uma parada para um café numa antiga mansão (com lugares apenas ao ar livre espalhados pelo imenso jardim) e muita paz. 

Durante a gravidez eu havia ficado muito fraca, com qualquer pequeno esforço eu sentia que iria desmaiar. Após o nascimento da bebê, isso não passou totalmente. E eu continuava ainda fraca, ainda tentando dar tempo ao tempo. Para me recuperar no meu ritmo. E ficar parada todo esse tempo, quando eu costumava ser muito ativa, me fazia sentir um pouco inútil, preguiçosa. E foi relativamente difícil aceitar que eu precisava me readaptar e me reacostumar ao ritmo antigo de vida. Treinar tudo novamente. Readquirir as forças que eu já tinha tido. E esse passeio de bike (e os outros que se seguiram) me mostraram que eu consigo sim recuperar minhas forças. Que consigo ir devagar, respeitar meu tempo e meu corpo e que novamente, aos poucos, ele se torna algo novo. Pois voltar a ser o que era, ele nunca voltará. Agora, após gravidez, parto e um novo cuidado com ele, ele se torna a cada dia um pouco diferente, uma versão melhorada (ou ao menos mais amada) de mim mesma. 


Abaixo, links para os posts da série Contagem regressiva para o aniversário da Mustikka!
O primeiro mês
O segundo mês

Visita das titias Tarsila e Julia



Eu e minha bike no equinócio de outono



8 meses de muito amor!




Quando ainda cabia na cesta




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