Contagem regressiva - O quinto mês


O quinto mês - O verão e a questão da amementação


Em 12 de junho Cecília completou 4 meses e iniciamos seu quinto mês de vida. E meu quinto mês descobrindo a maternidade. Foi uma delícia poder ver a Cecília desfilar por aí com seus vestidinhos e fraldinhas coloridas. Aproveitamos muito para curtir picnics e foi a primeira vez que ela pode finalmente conhecer outros bebês e interagir. Não que realmente houvesse muita interação entre eles, mas eu podia sentir a curiosidade em relação ao outro bebê. 

Percebo agora que continuar a escrever esta série de lembrança é mais desafiador do que eu havia esperado. Não apenas pela assiduidade necessária (promessa de um post por dia), mas por todo o conteúdo, todas as experiências vívidas. Além de olhar para bons momentos, me perder nas fotos e na gostosura da pequena, é mergulhar em sentimentos as vezes confusos e as vezes negativos. 

Eu sempre desejei tudo natural. E queria muito amamentar, criar essa conexão com a minha filha. O início havia sido bem difícil e dolorido. Meus seios incharam demais e o leite só veio após uns quase 7 dias do nascimento dela. Eu já estava ficando preocupada! Ela havia nascido bem pequena e não conseguia pegar o seio direito. Era uma batalha, além de dorminhoca, ela não pegava direito. Mas aos poucos fomos nos ajeitando e conseguindo entrar em um ritmo. E tinha algo que eu mantinha em segredo... toda vez que iniciava a amamentação, no primeiro e segundo minutos, eu sentia uma depressão e ansiedades profundas. Algo totalmente fora de caráter. Eu já tinha sentido isso durante a gravidez, em episódios curtinhos que duravam cerca de 10 a 15 segundos, mas que me deixavam um pouco desestabilizada. Não tinha motivo, não tinha gatilho. 

E após o nascimento, esses episódios se tornaram mais longos (mas no máximo cerca de 2 minutinhos) e aconteciam somente quando o leite começava a vir, então principalmente na amamentação. Calada, eu ficava tentando descobrir o que era isso. Se eu estava desenvolvendo depressão pós parto, se eu tinha algum problema sério, se alguma parte de mim não queria amamentar. Nesses poucos minutos eu realmente pensava se eu queria seguir com isso. Amamentar não estava sendo essa alegria que tantos me falaram, não estava fornecendo a conexão que eu esperava (especialmente pelo sacrifício que era pra mim). 

Resolvi procurar no Google. Havia tentado perguntar para algumas pessoas sobre como elas tinham se sentido amamentando (antes de me sentir confortável de falar como era pra mim) e as experiências não tinham nada a ver com a minha. Então segui calada e pesquisando no google. E achei! Achei algo que explicava exatamente tudo que eu vinha sentido, algo que me trouxe uma certa paz. Encontrei a descrição de uma condição pouco pesquisada que atinge alguma mulheres durante a amamentação. D-MER (Dysphoric milk rejection reflex - Reflexo disfórico de rejeição de leite). Encontrei algumas páginas dedicadas à mulheres que sofrem com esta condição. É uma resposta fisiológica do corpo da mulher nos momentos que antecedem e durante o início da fluxo de leite. Há uma queda abrupta e muito significativa nos níveis de dopamina (e outros hormônios, isso tudo ainda está em estudo), que gera um quadro depressivo momentâneo (até os níveis se regularem novamente). Não era algo emocional ou mental. Era algo que meu corpo estava ainda aprendendo a regular, algo que estava fora de equilíbrio e que eu não tinha total controle sobre. Ter encontrado essa resposta me deixou muito mais tranquila e me deu um prazer novo e diferente em amamentar. Em aguentar essas poucos momentos de agonia (sim!) sabendo suas razões e sabendo que logo iria passar. Continuar amamentando foi uma decisão extremamente pessoal e foi a decisão mais certa para mim. E eu pude então (após todos esses meses iniciais de confusão) passar a curtir o momento. Ainda tenho as vezes alguns episódios de tristeza associada ao fluxo de leite, mas já são bem raros. E hoje eu realmente sinto aquela alegria que eu imaginava ter, aquela conexão. 

Ufa! Este relato acabou saindo mais longo do que eu tinha imaginado! Mas foi importante, foi a primeira vez que eu realmente optei por compartilhar isso "em público", em algum espaço como este blog. E foi justamente nessa época, que eu descobri o motivo para o meu sofrimento momentâneo, que me possibilitou reorganizar a mente e fazer as pazes com a amamentação e com meu corpo. Afinal, eu me sentia muito culpada antes. Por que só eu não conseguia sentir essa alegria incrível ao amamentar meu bebê?
O quinto mês foi repleto de picnics. Repleto de carinho com as amigas e dias de sol sentadas em parques, jogando conversa fora, comendo gostosuras e curtindo nossas bebês. Na época, a Cecília só tinha amiguinhas. Nenhum amiguinho. 

Eu já havia ido sozinha na neuvola uma ou outra vez, enquanto o Kimmo trabalhava. Mas por causa da pandemia, eu não tinha tido a chance de sair de casa sozinha mesmo com a Cecília. Para alguma atividade juntas. E os picnics foram as primeiras vezes. Nossa, quanto receio! Primeiro as escadas do primeiro apartamento. Depois o medo de pegar um ônibus no meio desse caos pandêmico. Todo início para mim é sempre difícil e isso não foi diferente, um medo de estar fazendo tudo errado... Mas, como sempre, tudo deu certo. E depois do medo inicial, é só alegria e curtição (e orgulho "eu fiz sozinha"). 

Cecília curtiu muito suas amiguinhas Maikki e Anna. E tentou "abraça-las" com carinho de urso algumas vezes. Mas elas se deram bem. Amigas desde a barriga. Amigas desde o início. 

Passamos também muitos dias ido e vindo da casa de Kuru, local onde nasceu e cresceu meu sogro. Ninguém mora lá, mas a casa é mantida por toda a família (Meu sogro e seus 8 irmãos e todos os filhos e netos - e bisnetos!). É muito legal ir à Kuru, curtir a natureza ( a casa é meio que no meio do nada) e ter sempre gente nova para conhecer, familiares que resolveram curtir um pouco por lá também. 

Nos mudamos para o novo apartamento nos primeiros dias de julho e aproveitamos dias maravilhosos na varanda. Café, livros e bebê no carrinho para as sonecas na varanda. 

Amanhã retorno com o sexto mês! Como está passando rápido!

Confira os outros posts da série Contagem regressiva para o aniversário da Mustikka:
O primeiro mês
O segundo mês
O terceiro mês
O quarto mês
O sexto mês
O sétimo mês

Eu, treinando para gemêos no futuro! HAHAHA

Perto do local que eu fazia yoga ao ar livre!


Cecília curtindo um laguinho!

Caminhadas em família por locais abertos







Comentários

  1. Foi muito bom seu relato de hj. Talvez tenha ajudado alguma mãezinha que tem o mesmo problema que vc teve. Assim, compartilhando experiências ajudamo-nos uns aos outros. Parabéns pela iniciativa! Delícia rever as fotos. Obrigada

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