Contagem regressiva - O quarto mês

 4 meses - Um pouco de sol


Rumo aos 4 meses de Cecília. A vida ainda continuava silenciosa, com poucos encontros com pessoas diferentes, mas com saídas diárias mais longas. Tivemos um misto de dias frios (até com um titinho de neve!) e dias quentes. 

Pudemos curtir o jardim em que plantamos vegetais e flores todos os anos. O Kimmo trabalhava duro e eu deitada com ela na sombra, com livro e música, com água e mamá. Ele preparou a terra para poder plantar sementes no mês seguinte, quando o solo já permitisse, pois ainda estava muito gelado. 

Ela deu sua primeira risada (para a Mummikki, a vovó Tiina). Uma semana mais tarde para o papai. E por fim, semanas mais tarde para mim. Não fiquei chateada, mas me perguntei por que demorou tanto para que eu conseguisse fazê-la sorrir. Já que passávamos tanto tempo juntas. E entendi que a resposta era essa mesma. Passávamos tanto tempo juntas, todos os dias. Ela já me conhecia de tudo, todas as minhas palhaçadas, todas as minhas caras e bocas. Eu não era novidade. Eu era o porto seguro que estava lá sempre. Eu vibrei quando ela riu para a vovó. E demorou uma semana para rir de novo para o Kimmo, no dia ensolarado no jardim. Eu digo que ele gastou a risada dela naquele dia, pois ela riu tanto que quando eu fui tentar... ela apenas sorriu como se dissesse "OK, eu já entendi a graça dessa brincadeira. Tenta outra coisa!". Mas foi realmente preciosa a primeira risada em resposta a algo que eu tivesse feito. Até que minhas palhaçadas não perderam o jeito!

E a risada ainda é a mesma. 

Como falei em outro post, eu pretendia tirar a chupeta quando ela fizesse três meses. Ela completou os três meses (no post passado) e nós ainda não tínhamos pensado na melhor estratégia. Mas nem deu tempo de pensar, neste seu quarto mês de vida, ela simplesmente decidiu que odiava chupeta. Pronto. Com três meses e meio, ela passou a odiar a chupeta mais que tudo e chorava copiosamente se tentássemos dá-la para dormir. Ela passou a chupar o dedo. Foi algo dela. Ela decidiu que chupeta não era legal e descobriu o próprio dedo. O dedo acalmava a alma e ela dormia. E a gente dormia também. O dedo também foi algo que veio e foi, em dois meses ela mesma decidiu que não precisava mais dele para se acalmar. 

Isso havia sido um tópico de muito estresse, pois eu não estava preocupada com isso para o horror de familiares. Que juravam que mil coisas ruins iriam acontecer se eu não cortasse o hábito desde já. Eu entendia toda a preocupação, mas já tinha tanta coisa que na cabeça que queria optar por pensar nisso aos poucos e sentir o que deveria fazer. Afinal, ela poderia simplesmente largar o hábito como fez com a chupeta! (E no nosso caso, foi assim mesmo!). 

As noites eram longas. Assim longas de sono bom, apesar de tentarmos fazê-la dormir cedo sem nenhum sucesso. Ela gosta de ir dormir tarde, apesar de termos iniciado a rotina de colocá-la para dormir sempre as 19h30. Iniciando no geral às 18h é jantar, banho, leitura e cama às 19h30. Bom... isso no nosso mundo ideal, pois na prática, a gente deitava na cama, mas nada do sono vir. 

No final de maio decidimos procurar um novo apartamento para alugar. É minha terceira casa mudança desde que mudei pra Finlândia. Três apês vividos e 1 mês na casa dos sogros após o incêndio. Morávamos num local que já sabíamos que seria por um curto período (ficamos um ano) e estava cada vez mais difícil lidar com o lance de escadas para chegar ao elevador com o carrinho de bebê e a bebê que o habitava cada vez mais pesadinha. Nosso quarto era também o quarto dela e queríamos um local que nos desse um pouco de privacidade e que pudéssemos ter um quarto pra ela, para ela passar a dormir sozinha no futuro. O planos era fazer a mudança aos 6 meses (não, não foi nessa data).

Eu também estava sofrendo bastante com pânico com lembranças do incêndio. Por isso o novo apartamento escolhido acabou sendo no primeiro andar, que nos trouxe um pouco mais de segurança. Também havíamos calculado errado nosso dinheiro, pois não imaginei o quanto a pandemia iria afetar meu trabalho e meus ganhos. Mas ela ganhou o quarto dela e nos mudamos no próximo mês (julho).


No início de junho, pouco antes dos 4 meses completos, nos aventuramos pela primeira vez em uma cafeteria. Foi coisa de cinema. Um sentimento super estranho visitar um cafézinho/restaurante. Sentamos numa mesa ao ar livre e evitamos ficar muito tempo escolhendo e pagando. Tudo rápido, de máscara e com muito álcool gel. Lembro dda alegria e da antecipação quando decidimos almoçar lá naquele dia. Me arrumei toda, coloquei o sorriso no rosto e levamos a Cecília no carrinho. Queria mostrar tudo pra ela. Todas as plantas, as cores, os cheiros. Depois dos meses fechada em casa, acho que queria mostrar tudo pra mim mesma. Tudo além da floresta da caminhada diária.

As coisas pareciam estar voltando aos eixos, restaurantes e bares reabrindo somente com a possibilidade de sentar ao ar livre (o que realmente é tudo que queremos aqui no verão). Pessoas levando cadeiras para parques e diversos picnics. O verão prometia e eu estava animada. Ainda com receio do coronavirus, mas sentia um vento de esperança e estava animada. 

Amanhã rumo ao quinto mês de experiência de maternidade e de vida da Mustikka!

Confira os outros posts da série Contagem Regressiva para o aniversário da Mustikka:

A primeira saída pós quarentena



Mais uma fralda de pano desfilando aqui




Oi gente!


O brinquedo preferido por muitos e muitos meses


Deitadas na sombra no jardim


Na cafeteria, sentadas ao sol









Comentários

  1. Parabéns pelos seus textos! A gente se sente junto, participando do passeio, da caminhada, das noites bem ou mal dormidas, da experiência da chupeta e do dedo. Ela já mostrou que sabe o que quer. Saudades dessa pequena lindeza que Deus me deu .

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  2. Estou adorando acompanhar todos esses meses da minha sobrinha neta,mais linda desse mundo!!!! Parabéns Nadja e obrigada!!!❤

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