Contagem regressiva - O sétimo mês

 O sétimo mês - Comer comer para poder crescer

O sétimo mês (quando completou seis meses) foi marcado por dois grandes momentos na vida da Cecília. Ela iniciou a introdução alimentar e apareceu seu primeiro dentinho. Eu estava uma pilha de nervos e de animação pela perspectiva de dar a ela algo além de leite materno. Havia lido muito sobre BLW e sabia que queria seguir com alguns princípios da prática. Assim como tudo que fazemos com ela (higiene natural, fraldas de pano, montessori, etc), adaptamos tudo aquilo que nos é interessante à nossa família e à nossa realidade. Então ofertamos comida em pedaços para ela pegar sozinha, sentir a textura e provar e também na colher. Deixamos que ela leve a colher sozinha e em outras vezes, nós que damos a ela. Tudo depende. Se temos tempo, se dá para lidar com a bagunça naquele momento, se ela quer fazer sozinha e outras coisas mais. Analisamos cada momento.

Ela já estava sentando bem, já conseguia segurar a comida e levá-la à boca, mas não demonstrava muito interesse em comidas no geral. Ouvia de minhas amigas que seus bebês praticamente puxavam a comida do prato dos pais, choravam pedindo um pouco, colocavam a mão na boca dos pais tentando pegar um pouco de comida. Cecília não fez nada disso. Não tinha curiosidade pelo que estávamos fazendo. Engraçado que ela passou a ter essa curiosidade só no último mês, quando fez 11 meses. 

Iniciamos com bananas e em seguida, pepinos, uma das comidas favoritas do Kimmo. Cecília gostou de ambos. O que ela mais gostava de fazer ( e por muitos meses foi assim) era brincar com a comida. Levava a boca, sentia, sorria, as vezes mastigava (com as gengivas) e comia e outras vezes colocava tudo pra fora. Também incentivei essa relação com a comida. Queria que ela visse os momentos à mesa da cozinha conosco como algo divertido e legal. Sem pressões de "ter que comer" muito ou pouco, isso ou aquilo. Podendo testar, experimentar, gostar e não gostar. Mas nossas refeições não duram tanto tempo quanto parece, quando ela começa a perder o interesse e também não tem mais fome, logo terminamos a brincadeira comilança. 

Já sabia que caso ela não gostasse de alguma comida, deveria tentar ofertá-la de forma diferente. Cozida, raspada, em papinha, misturada com algo ou crua (se for possível). No geral, ela aceitava bem todas as comidas oferecidas. 

A colher era um item ( e ainda é) que ela adora. Eu preparava a colher e deixava pronta para ela pegar e levar à boca sozinha. Quase sempre era um sucesso. Hoje ela tenta encher a colher de comida sozinha, mas ainda não conseguiu descobrir exatamente como se faz! Suas comidas favoritas logo se tornaram brócolis, milho (em papinha) e arroz (esse apresentamos bem mais pra frente). Coloca tudo isso junto e você tem a crianças mais feliz do mundo!

Tenho muita sorte por ter esse tempo todo para me dedicar com ela às refeições. Poder dar a ela essa liberdade toda e não ter a correria tão comum a tanta gente. De ter que se certificar de que o filho comeu e ainda não poder perder muito tempo nessa utopia toda que eu comentei acima. Afinal, além do preparar a comida e do comer, também é bem trabalhoso limpar o bebê pós toda essa experiência e também o local, que com certeza experimenta tanto ou mais de comida (precisa ver nosso chão as vezes, o quanto ele se delicia com algumas coisas). Por isso, nem sempre essa é a nossa opção. Tudo vai do que dispomos e podemos naquele dia, naquele momento. Para mim, o principal tem sido tornar a refeição um momento leve. Lembro de na minha infância, refeição ser sinônimo de sofrimento, agonia. Era uma briga e eu detestava aquele momento. Todas as comidas e toda aquela obrigação de comer uma quantidade, que muitas vezes me dava ânsia de tanto que era para meu estômago de crianças, me geravam ansiedade e me afastavam mais do comer saudável. Com sabe nisso, tenta levar de uma forma diferente. 

Quando ela ficou doente, há poucos dias, foi realmente mais difícil seguir desta forma. Ela passou uma semana sem querer comer nada. Só leite materno. A gente ficou preocupado e monitorando. Entendemos que era porque ela estava doente e sabíamos (desejávamos) que fosse passageiro. E foi mesmo. Em alguns momentos eu me peguei tentando dar aquela insistida silenciosa (para que comesse. Para logo falar a mim mesma que respeitasse, que monitorasse, oferecesse outra comida. E funcionava. Falei a mim mesma em um momento que poderíamos nos dar aquela semana para ver se era realmente só da virosa e acalmei minha ansiedade. Decidi ( e consegui) respeitar o momento dela e logo ela voltou a comer. Yay!

O outro momento importante foi o nascimento do primeiro dentinho. Ela quase não reclamou. Ele foi chegando, como um grãozinho de arroz bem pequenininho. E um dia estava lá, fazendo cosquinha no meu peito, fazendo com que ela procurasse algo para torná-lo um pouco mais confortável. Passamos a fazer a breve escovação todos os dias, manhã e noite. E esse é um momento também que ela costuma aceitar tranquila. Não é sempre que gosta, mas abre a boca para iniciarmos. E fecha depois achando que é mais uma brincadeira. Hoje, com quase um ano, ela tem 6 dentinhos, 2 embaixo e 4 em cima. 

A Cecília tem paixão por gatos. E nessa época a Mia passou a deitar com ela e aceitar mais suas brincadeiras. Mia nunca teve medo, nunca ligou também para os puxões que recebia. Mas com quase 7 meses, a Cecília começou a fazer um carinho mais... delicado na gatinha. Os outros gatos que a Cecília já conheceu agem como se ela fosse um gremlin pronto para atacar. E para eles, talvez ela seja mesmo

Foi em agosto também que eu recebi finalmente o diagnóstico de que tenho um aneurisma no cérebro. Uma outra surpresa que veio com um baque nessa maternidade. Tempos depois notei que não cheguei a questionar "por que eu?", mas cheguei a reavaliar minha vida, todo o estresse que sempre fez parte de mim e toda minha ansiedade. Uma auto análise eterna e sem resposta. Tenho 34 anos, sou saudável, não fumo, BMI ok. Mas tenho também um aneurisma. Fiquei feliz por termos o descoberto por acaso, ao fazer exames para outra coisa. Sem sintomas, sem complicações. Devido a muitas coisas, o neurocirurgião me aconselhou a fazer a cirurgia. Conversamos muito e achei que seria sim o melhor caminho pra mim. Mas não foi uma decisão sem medo. Foi repleta de receios, receios que antes da maternidade não existiam. E se algo acontecer comigo? E se eu morrer? E a Cecília?

Ficou acertado que antes da cirurgia eu faria um novo exame de imagem para que os cirurgiões verificassem qual o método de cirurgia mais adequado. E lá fui eu esperar pelo exame, para então esperar pela cirurgia. A previsão era de que o exame seria final de outubro ou novembro, mais provavelmente em novembro. Tudo dependeria da situação do hospital e dos recursos, se seriam alocados ao coronavirus, o que significaria que demoraria mais tempo. Todo esse tratamento, exames, cirurgia, hospitalização e consultas estão sendo realizadas pelo sistema público finlandês e eu não estou pagando nada.




Uma das alegrias do mês foi a primeira saída do nosso "baby club". Um grupinho de mães do qual fiz parte e onde combinávamos de nos encontrar para os picnics e parquinhos com nossos bebês. Éramos 4 mães bem internacionais: eu, com minha pequena fino-brasileira; a Ju com sua pequena fino-brasileira Maria Sofia (nascida em janeiro 2020); Clo com sua pequena franco-alemã Emilia (nascida em dezembro 2019) e Anu com sua pequena fino-dinamarquesa Anna (nascida em março 2020). Hoje os encontros são mais difíceis, com a maioria já de volta ao trabalho. Mas ainda gosto bastante quando podemos passar algum tempo juntas e quando nossas filhotas podem interagir.


Muito obrigada a todos que estão acompanhando minha jornada de lembranças. Tem sido realmente muito especial.


















 

Comentários

  1. Parabéns mais uma vez
    Sempre dou parabéns pq gosto muito do seu jeito de escrever. Este mês foi longo, mas prendeu minha atenção até o fim.

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    Respostas
    1. Foi longo mesmo! As vezes tem bastante coisa há compartilhar, muitos sentimentos envolvidos. Outros meses, tem menos hehhe. Obrigada por acompanhar :D
      As mensagens abaixo foram suas também? Aparece como "Unknown" o seu nome e eu não consigo identificar quem é.
      Um beijo,

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  2. Mto boa essa sua ideia de contar suas estórias de ' mãe'.Gosto mto. Bjos pra vc e pra nossa pequena protagonista Cecília.

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  3. Não sei com certeza se vc tá recebendo minhas mensagens, manda um recado pra mim

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