O dia do Respeito à Mulher!

Não estou aqui para queimar sutiãs. Nem para falar de feminismo. Hoje é o Dia Internacional das mulheres e quero fazer um apelo aos homens. Sim, aos homens. E por quê? Pois estatisticamente eles são o gênero que mais pratica violência contra as mulheres. Coloco desta forma pois existem mulheres que agem da mesma forma consigo mesmas, com outras e ainda aquelas que justificam os atos de seus homens. E que acreditam que são culpadas pela violência a que estão expostas e que sofrem.
Fonte: Google Images
Violência não é apenas o ato de ferir fisicamente. Palavras também machucam, também prendem ou libertam. Palavras vindas de alguém que amamos tem muito mais peso, muito mais verdade. E podem mexer com o emocional de qualquer um. E especialmente mexer com as mulheres, que vivem em um ambiente tipicamente patriarcal, machista e velado. Onde se faz vista grossa a essa violência. Pois o que as mulheres sofrem aqui é mascarado, pois ninguém aqui nos obriga a usar uma determinada roupa, corte de cabelo, ou ter certo tipo de comportamento.
Mas independente disso, somos julgadas por tudo. É mascarado pois o homem desfila com sua mulher sorridente pelas ruas, vão à praia, conversam com vizinhos; ele lhe compra flores e presentes e depois... quando a porta da casa se fecha, a história muda completamente. Ele tira sua máscara, deixa de ser o personagem que criou para o mundo. Ele xinga, bate e humilha sua mulher, ele subjuga e joga em sua cara tudo aquilo que fingiu ser natural e legal para os outros. De linda e admirada, ela passa a ser suja e vagabunda. Suas roupas podem virar motivo de briga, seu perfume, seu sorriso e seu jeito. Ele passa a perceber uma intenção pervertida em todos seus olhares na rua. É o inferno em casa.
Quem nunca teve algum vizinho que de tanto gritar você brincou “Um dia alguém ainda mata um nesta casa” ou “Não devem mais ter móvel nenhum inteiro desse jeito”. Você já chamou a polícia alguma vez? Já tentou sinalizar sutilmente que tal comportamento não é aceitável?
Mas a violência não precisa ser assim tão clara. Ela está em todo lugar, na forma como somos tratadas pelos homens(e mesmo por mulheres). No fato de algumas empresas desejarem apenas contratar mulheres com o falso discurso de sermos mais competentes e focadas. Com o tempo, a mulher percebe que na verdade foi contratada para ser inferior, para servir de exemplo, para aguentar a humilhação constante... pois um outro homem simplesmente riria e sairia andando, pediria as contas sorrindo e não se abalaria. Partiria para a próxima. A mulher briga consigo antes de se libertar, ela corre e chora desabafando com as amigas, ela pensa nos filhos , na mãe e no futuro. E ela engole as pedras e acorda para continuar um trabalho que só a mata por dentro.
É justo?
Uma vez ouvi de um chefe, anos atrás, após ele haver perguntado a mim e a outro funcionário se estávamos satisfeitos e ambos termos dito que não; ele me mandou embora da empresa dizendo que era uma “desaforada”, “boca dura” e que não se respondia isso a um chefe. O meu colega? Ele ganhou um aumento e o chefe lhe disse “Isso que é uma atitude de homem, tem que ter peito e coragem para ser promovido”. Eu não fui grossa. Eu não estava feliz, mas não fui mal educada. Não percebi que a situação era claramente sexista. Não percebi que havia ali um conflito de poder comigo... e que eu representava uma ameaça à autoridade dele.
Nunca havia parado para pensar que aquilo era maior que eu... era impensado. Ele próprio não tinha noção expressa da violência que praticava. Não percebia o padrão de suas ações... E isso acontece todo dia, as pessoas absorvem comportamentos e atitudes que não condizem mais com a nossa realidade. Mas reproduzimos isso sem pensar. Reproduzimos na tv, nas músicas, nas danças e na vida. Não percebemos... não temos quase consciência. Eu sei, pois eu não tinha.
Foi preciso olhar de longe, com um olhar amadurecido algumas situações que vivi, coisas tão banais e simples, pequenas que me passaram despercebidas. Foi ver rejeitado o currículo de um amigo (homem) que era tinha experiência e conhecimento para o cargo exigido e ouvir “Homem não contrato.” E depois ver contratada uma moça que não tinha o perfil necessário, que não entendia do assunto com que trabalhava... e logo a vi murchando e murchando, sentindo-se incapaz de exercer a função, escutando as humilhações por seus erros (e até acertos!) e tendo que ficar calada. Mas... ela não tinha capacitação para aquele cargo. E a decisão de contratá-la... de quem foi? Da mesma pessoa que a humilhava, a mesma pessoa que pisava nela sempre que podia... que a xingava na frente dos outros e dizia que uma funcionária como ela não prestava e que não deveria tê-la contratado. Mas ele também não a demitia. Foi então que comecei a perceber... que comecei a entender e notar que ninguém faz nada, porque vivemos desta forma, nos parece natural, do ambiente...
Então hoje meu principal apelo é aos homens. Vocês já agiram assim sem perceber? Vocês já viram algo assim acontecer e mal se deram conta? Isso não significa que vocês são maus e não os torna machistas, mas vocês são parte de uma comunidade machista e patriarcal, onde vocês foram criados desde a barriga para serem mais importantes. Reflitam... o verdadeiro homem, de maior caráter é aquele que assume e aprende com seus erros, é aquele que ensina as gerações futuras a se respeitarem e respeitarem os demais.
Uma mulher respeitada, se dá ao respeito. E é o ciclo... uma mulher que se dá ao respeito, também insitga mais respeito dos outros. Então, respeitem... e vamos contribuir para que todas saibam se respeitar também.
 Pensem se essas mulheres, as que sofrem caladas entre quatro paredes, as que são humilhadas moralmente em situações diversas, as que não se dão o respeito(pois provavelmente também ninguém nunca as respeitou)... imaginem por um momento que ela é sua filha, sua irmã, sua mãe. Imaginem então a mulher que mais significa para você, imagine que ela perde o brilho e a felicidade e vai se matando aos poucos calada, sem nem perceber porque, sem nem perceber que poderia tomar uma atitude e sair dessa situação. Dar um basta e mostrar a todos que não aceitará mais isso. E você, homem, também pode dar um basta.
Fonte: Google Images

Não é preciso ser gay para defender seus direitos. Não é preciso ser negro para reconhecer o racismo e não é preciso ser uma mulher para respeitar uma mulher.

Comentários

  1. Parabéns pelo post, Nadja!
    Faz refletir mesmo :)

    Beijos

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  2. Vou ser sincera. ter um dia nosso não muda em nada o que nos acontece frequentemente. pega o caso do goleiro bruno. ele matou a mãe do filho dele porque não queria pagar pensão. e eu te pergunto: quantas mulheres são abandonadas pelo marido, com seus filhos pequenos e o fdp não quer saber nem ao menos do próprio filho? é, porque a pensão a gente nem espera mais dele. quantras mulheres sofrem abuso? e quantas outras são espancadas pelos marido bêbados? acho que ter um dia e chamá-lo de nosso é irrelevante perto das coisas que ainda nos ocorre.

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  3. Adorei o post! Uma excelente reflexão.

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  4. Eu já tive vizinha apanhando do marido a frente dos filhos. Chamamos a polícia e nada da polícia aparecer! Tivemos que ligar mais 3 vezes para, quase 1 hora depois, a polícia chegar. Infelizmente as autoridades brasileiras sao assim.
    Quando os policiais chegaram, a vizinha, toda roxa, disse para eles que ela nao tinha apanhado nao!
    Muitos homens nao respeitam as mulheres e infelizmente muitas mulheres nao se respeitam também. Imagina esses filhos da vizinha, 2 meninos, provavelmente vao crescer achando que é normal bater em mulher, pois seu pai, que sao seu exemplo, fazia isso e sua mae nunca denunciou.

    Jana

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  5. Agressoes verbais doem mais que fisicas :-( isso eu sei e conheco bem Nadja.

    Ja tive um chefe assim. É horrivel. Tbm ja tive um marido assim, que me podava todo os dias, por dez anos e depois, por mais 4 anos ous eja sofri com ele 14 anos! É preciso ter mt forca e coragem pra romper com toda essa opressao.

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