A grande revira volta

A vida deu uma revira volta incrível nos últimos tempos. Fui de comissária de bordo da Avianca a agente full time da HBN e mulher de finlandês. E tudo aconteceu muito rápido.

Quando iniciei minha vida de comissária, nao imaginava que pouco menos de dois anos depois estaria em outro país repensando todo meu caminho e minha carreira e ainda mais casada. Tudo muito surreal. Cheguei a pouco mais de uma semana aqui na Finlândia e a vida já está numa correria só. E apesar de extremamente deliciosa essa nova aventura, nao tem sido fácil. Eu sei, é um clichê. Mas é a mais pura verdade. Sempre me considerei flexível e adaptável, animada e ativa, desbravadora e alegre. Mas também sempre fui tímida, envergonhada. Especialmente em situacoes novas e diferentes. Adoro explorar o que nao me é familiar... mas também me enche de medo, um medo tao grande que chega a doer o estomago e as bochechas. 

Minha nova vida aqui será muito diferente. E apesar de já ter pensado muito nisso anterior (antes de tomar essa decisao tao radical), sei que nao será nada como esperado. Eu vim por amor. Conheci meu noivo em meados de 2007 online, mas fomos apenas amigos até julho do ano passado. Quando o fato de eu ser comissária ajudou muito a planejarmos um encontro. E desde entao tudo mudou. Desde o inicio já estava claro que queriamos dar uma chance ao relacionamento e que um dos dois teria de fazer essa mudanca. Mas a decisao seria nossa. Poucos meses depois, já havíamos refletido um pouco e a grande questao era o que seria mais fácil: ele conseguir um emprego no Brasil sem falar portugues ou eu conseguir um emprego na Finlandia sem falar finlandes. Certo... nenhuma das duas coisas é simples. Um de nós teria que largar um emprego muito bom (ambos tinhamos ótimos empregos). 

Mas eu tinha uma vantagem nessa mudanca. Desde de 2011, sou parte de uma agência de au pairs na Holanda como hobby/freelance. E teria a possibilidade de continuar trabalhando mesmo se me mudasse de país. E também poderia encarar a oportunidade de ampliar o negócio, ao poder me dedicar mais tempo a ele. E nisso a decisao estava tomada. Aí era só resolver a burocracia, planejar tudo e embarcar na nova vida. Mais um voo. Mais uma vez cruzando o Atlantico para ficar com ele. Mas desta vez ele iria comigo, segurando minha mao e me dando forca em todo caminho. E eu sei que tomei a decisao correta. 

Tudo foi muito rápido. Mas enquanto o tempo para chegar aqui estava correndo, parecia realmente que nao chegava nunca. Em janeiro comecei o procedimento para poder trazer meus dois gatos do Brasil para cá. Uma burocracia sem tamanho que prometo falar em um post no futuro. E quem sabe ajudar alguém que vá percorrer o mesmo caminho com seus filhotes de 4 patas. Mesmo tendo me planejado com antecedencia, por um pequeno descuido (meu e da empresa que contratei), eles nao estavam com a documentacao pronta no dia do embarque. Mais estresse, mais confusao e correria para arrumar um lugar para que ambos ficassem até que minha mae possa traze-los, daqui a pouco mais de um mês. 

Ao chegarmos aqui, a KLM perdeu duas de nossas malas. Era algo que nunca tinha acontecido comigo antes. Chegar no aeroporto de destino, depois de quase um dia viajando e ficar lá, um pouco agoniada aguardando que as malas aparecessem na esteira. E ver a tela que informava a origem daquelas malas mudar, apagar o numero do voo do qual você veio. E para piorar tudo, eu e o Kimmo haviamos ganhado algum dinheirinho de presente dos amigos e familiares pelo nosso casamento. E adivinha onde haviamos colocado os envelopes? Sim... na mala perdida. Aí senta e chora, né? Ah nao. Fomos para casa, seguimos a vida e em dois dias as malas estavam conosco. Intactas! 

Hoje estou na Finlândia. A casa ainda está uma loucura e estou usando as malas como armário. Ainda nao temos muitos móveis e ainda tem muito coisa por fazer. Mas apesar de querer tudo pronto pra ontem, estou aprendendo a ir com calma. 

Sonhar, planejar, escolher.  Para entao, executar!